quinta-feira, 25 de agosto de 2011


Fiat 500 ganha 2ª chance no Brasil com motor flex e preço de popular

  • Fiat 500 (na foto, a Prima Edizione, de 500 unidades): preço da versão básica começa com 3
    Fiat 500 (na foto, a Prima Edizione, de 500 unidades): preço da versão básica começa com 3
Depois de aplicar uma dose de “rebadging” na veia do Dodge Journey, transformando o crossover ianque em Freemont e baixando seu preço para mercados fora da América do Norte, a Fiat submete o 500 a um procedimento que, no Brasil, é quase de ressuscitação.
Sofrendo de um caso crônico de vendas baixas, o carrinho retrô -- que você pode chamar de Quinhentos ou Cinquecento, à italiana -- parecia destinado ao caixão do esquecimento em nosso país.

Pequenino, importado da Polônia com conteúdo de gente grande (sete airbags) e comportamento de moleque (a infeliz adaptação do câmbio Dualogic), o 500 desembarcou no Brasil há dois anos com o habitual preço absurdo: começava em R$ 62.870.

O consumidor encarregou-se de fazer o diagnóstico: irrisórias 2.200 unidades do Fiat 500 foram vendidas no país em dois anos. Um contraste com seu bom desempenho global, de 700 mil carros emplacados no mesmo período
Fiat 500 passa a vir do México (antes, era importado da Polônia) com preço mais em conta: a partir de R$ 39.990 Divulgação

CORREÇÃO DE ROTA
RENASCIMENTO
O anúncio de que a Fiat produziria carros na fábrica da Chrysler em Toluca, no México, foi o primeiro indício de que o mal do 500 no Brasil poderia ter cura -- reforçado quando se soube que o modelo retrô fora efetivamente escolhido pela marca italiana como símbolo de sua volta ao mercado dos EUA, de onde saiu nos anos 1980 sob vaias de público e crítica.

A fábrica de Toluca tem capacidade de produção suficiente para abastecer diversos países, inclusive o Brasil. Como não há taxa de importação a partir do México (de 35%), o preço do 500 tinha tudo para cair. Dependia só de a Fiat local se comprometer a fazer uma megacirurgia no produto -- atingindo motorização, valor, marketing, pontos de venda etc. E assim aconteceu.

Ao menos no bolso do consumidor o baque é de dose cavalar. Na verdade, o 500 mexicano mais caro custa hoje menos que o 500 polonês mais barato no lançamento deste, em 2009. Seguem os valores da nova gama do Cinquecento no Brasil:

Com motor EVO 1.4, 8 válvulas, bicombustível, igual ao do Novo Uno:
500 Cult manual – R$ 39.990
500 Cult Dualogic – R$ 42.990 


Com motor Multiair 1.4, 16 válvulas, a gasolina, inédito no Brasil:
500 Sport Air manual – R$ 48.800
500 Sport Air automático – R$ 52.800
500 Lounge Air AT – R$ 54.800 
500 Prima Edizione – R$ 50.400


Veja também a lista de equipamentos completa de cada versão.
A reinvenção do Fiat 500 para o Brasil inclui mudar seu público-alvo, ou ao menos a posição de tiro.

Na apresentação do carro à imprensa da América Latina, realizada em Miami (EUA) ao longo desta semana, executivos da marca disseram que, em pesquisas qualitativas, os consumidores brasileiros descreveram o 500 como bonito, interessante, completo (em suma, muito desejável), mas com preço acima do razoável. Aparentemente, só a Fiat não sabia disso...

Agora que o 500 está mais barato, seu preço básico rivaliza inclusive com modelos da casa, como Punto (maior vítima do “fogo amigo”) e Novo Uno e Palio em suas versões mais completas e com opcionais. Glamour zero, como se vê.

Desviando o assunto dos modelos “de imagem” que eram os rivais globais do 500 em 2007 (Volkswagen New Beetle e Mini Cooper, basicamente), a Fiat do Brasil declarou como inimigos contemporâneos do Cinquecento uma lista de hatches compactos "comuns", entre eles, Citroën C3, Peugeot 207, Chevrolet Agile e Renault Sandero.

Nenhum tem o mesmo nível de equipamentos do 500. Mas todos levam quatro pessoas adultas com conforto (cinco, no caso do Sandero), o que é impossível no carrinho da Fiat.

Com duas portas e entre-eixos de 2,3 metros, ele continua sendo ótimo para dois adultos; um terceiro, acomodado no banco de trás, pode ter de viajar meio de lado, a depender de sua altura. O porta-malas do 500 é de escassos 185 litros.
  • Divulgação
    Motor MultiAir 1.4 16V equipa o Fiat 500 nas versões Sport e Lounge: bebe apenas gasolina, mas gera 105 cavalos com economia de combustível e redução de emissões; pode ser aliado ainda ao câmbio automático de seis marchas da Aisin, com trocas sequenciais
NOVIDADE SOB O CAPÔ
Se o debate for técnico, o Cinquecento tem um trunfo: o novo motor Multiair de 1,4 litro, assim batizado porque a admissão de ar na câmara de combustão é gerenciada eletronicamente.

O sistema atua no regime de abertura das válvulas e pode, por exemplo, retardar a admissão do ar; quando ela acontece, o ar entra com velocidade maior, o que melhora sua mistura com o combustível. De certa forma, é o avesso da injeção FSI do grupo Volkswagen, outro sistema que atua na câmara de combustão, mas pulverizando a gasolina.

Segundo os dados da Fiat, o motor Multiar alia economia de combustível e redução de emissões (ambas entre 10% e 15%) a potência de 105 cavalos (mais típica de blocos 1.6) e torque máximo de 13,6 kgfm a 3.850 rpm. O conhecido motor Fire EVO, por sua vez, consegue apenas 88 cavalos com a mesma capacidade -- mas tem a vantagem comparativa de beber gasolina e/ou etanol.

Outra boa novidade é o câmbio automático de seis marchas, de série na versão Lounge Air e opcional na Sport Air. Dotado de conversor de torque, ele “conversa” bem com o propulsor e oferece trocas quase imperceptíveis.

VÍDEO DE DIVULGAÇÃO DO FIAT 500

500 Cult manual - Versão que deve vender mais, segundo a Fiat, já sai de fábrica com itens como ar condicionado, direção elétrica, freios com ABS (antitravamento), EBD (distribuição de força) e ASR (antiderrapagem), controle de estabilidade (ESP), vidros e trava com acionamento elétrico, controle de saída em aclive, computador de bordo, entre outros. A cabine tem acabamento cuidadoso e bom gosto no desenho de instrumentos, teclas e seletores, que propõem um respeitoso diálogo entre antigo e moderno. Na condição ideal de uso, ou seja, com duas pessoas a bordo, há muito espaço e conforto -- este, incrementado para o motorista com a posição elevada da alavanca de câmbio. Em marcha, o 500 “basicão” com o conhecido motor 1.4 EVO entrega o desempenho possível: o motorista se sente dirigindo uma espécie de “Uno superluxo”, com um câmbio mais firme, menos ruído interno e mais botõezinhos para apertar.
500 Cult Dualogic - A transmissão automatizada da Fiat vem melhorando aos poucos, mas ainda deixa a desejar. Agregada ao pacote básico do Cinquecento, é paradoxal: poupa o pé esquerdo, mas sobrecarrega a paciência do motorista com trancos que ainda são muito sentidos entre 1ª e 3ª marchas; daí para cima o funcionamento é mais suave. A tecla Sport, que adia as trocas de marcha e deixa o carro mais firme (de forma impressionante na direção) ajuda um pouco.
500 Sport Air manual - Aqui, o pacote do Cult ganha, por fora, parachoques mais agressivos, defletor de ar, pinças do freio pintadas em vermelho e faróis de neblina, e no recheio são incluídos itens como revestimento parcial em couro nos bancos e total no volante multifuncional; airbags laterais; piloto automático; e apoio de braço dianteiro. APrima Edizione, de 500 unidades, é montada sobre essa versão. O motor MultiAir é (muito) mais barulhento que o EVO, mas compensa na disposição e no bom entendimento com o câmbio manual -- dá para arriscar uma condução mais esportiva sem se decepcionar. A Fiat promete 183 km/h de velocidade máxima e um 0 a 110 km/h em 10,2 segundos (172 km/h e 11,8 s no EVO com etanol), mas para além dos números fica o elogio ao conjunto bem acertado dessa versão. Ela seria nossa escolha.
500 Sport Air A/T - Por R$ 4.000 extras em relação à versão Sport manual pode-se conhecer a nova transmissão automática da Fiat, assinada pela japonesa Aisin. Com seis marchas, ela entrega um funcionamento relativamente suave, explorando o motor MultiAir quase como se houvesse um motorista hábil no comando. É possível fazer trocas sequenciais, mas apenas na alavanca. O preço parece salgado, mas convém lembrar que o câmbio Dualogic acrescenta R$ 3.000 à versão Cult. Seria ótimo, aliás, que o novo equipamento virasse opcional em carros como Bravo e Freemont... Os comentários desta versão valem para a Lounge Air A/T, que não dirigimos e que traz teto de vidro fixo e rodas de 15 polegadas (contra 16 da Sport).
O QUE MAIS?
Há uma lista interessante de opcionais e acessórios, com destaque para o sistema de som Bose, que é de alto nível, mas certamente não é o “mais perfeito já feito para um carro”, como descrito por um executivo da Fiat aqui em Miami; e vale citar também o ar condicionado digital e o teto solar com acionamento elétrico.

A oferta de cores segue generosa, com nove opções (ainda com nomes bobos, em italiano), e há várias combinações possíveis para o interior da cabine, a depender do revestimento dos bancos. São 72 combinações entre exterior e interior, garantido um bom grau de exclusividade para o proprietário.

VAI ROLAR?
A Fiat do Brasil quer vender mil unidades por mês do 500 até o final do ano, e trabalha com a meta de 1.500 por mês ao longo de 2012. Note-se que o megaevento de lançamento à imprensa aqui nos EUA é apenas a ponta de um iceberg midiático que promete muito barulho -- até o consagrado ator Dustin Hoffman foi convocado para os comerciais de TV.

Vai dar certo? Por R$ 40 mil, o Cinquecento Cult com visual vintage (o carro original, lembre-se, é dos anos 1950), porte de Ford Ka, motor de Uno e conteúdo de sedã sênior já é uma proposta tentadora. Por R$ 48.800, o Sport Air oferece motor de última geração, mais mimos e carinha de bravo, e com ele a proposta fica quase irresistível -- se você é jovem, se já tem outro carro, se não pretende constituir família ou ter filhos...

Melhor não apostar contra essa ressurreição do 500 no Brasil. E, se levarmos em conta que o carrinho mexicano surgiu em função da estratégia da Fiat para os EUA, também fica tudo certo se você o chamar de Five Hundred.
FONTE:http://carros.uol.com.br

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