segunda-feira, 16 de janeiro de 2012


Palio Sporting veste traje de atleta para ser o melhor da linha.

  • Hatch carrega no visual esportivo e consegue reunir bom desempenho e economia
    Hatch carrega no visual esportivo e consegue reunir bom desempenho e economia
Aos poucos os carros nacionais com apelo esportivo deixam a profusão de acessórios, adesivos e penduricalhos inúteis de lado para carregarem alterações mais, digamos, palpáveis. Os principais exemplos encontram-se na gama Fiat, que, além das versões T-Jet de Bravo, Linea e Punto, conta com Idea e Uno Sporting. Ao contrário do primeiro grupo, que tem um motor turbinado e exclusivo, estes se apoiam somente em suspensões mais firmes, rodas maiores e identificação visual distinta para se dizerem esportivos. Em alguns casos, como o do Idea, o resultado é positivo: ele anda e faz curva bem. O Uno, por sua vez, deixa a desejar, apesar do ganho em dirigibilidade.
O mais novo integrante dessa turma é o recém-renovado Palio, que estreou sua versão Sporting juntamente com o restante da linha. E, felizmente, o hatch pende para a turma do Idea: o motor E-torq 1.6 16V garante um bom fôlego ao hatch nas retas, enquanto a suspensão mais firme evita que a carroceria incline demais em curvas, comportamento que a Fiat já havia combatido, em parte, nos Palio "normais". O resultado: o Palio Sporting é, de longe, a melhor versão do modelo em termos de desempenho, dirigibilidade e conforto.
O Palio Sporting é vendido em duas configurações:

Fiat Palio Sporting 1.6 16V -- R$ 41.310
Fiat Palio Sporting 1.6 16V Dualogic -- R$ 43.830


Como é de praxe, ao buscar versões mais completas de carros com apelo popular o comprador acaba entrando numa outra faixa de preço e, consequentemente, têm a opção de comprar carros de segmento superior. Restringindo-se à Fiat, o cliente do Palio Sporting pode economizar R$ 720 e levar para casa um Fiat 500 Cult, que, apesar de menor, é mais estiloso e bem acabado que o Palio -- ou então pagar R$ 230 a mais do que a versão Dualogic e adquirir um Punto Essence 1.6 16V, com todas as vantagens de ser um carro de um segmento superior.
MAQUIAGEM CARREGADA
UOL Carros avaliou uma unidade do Palio Sporting dotada de câmbio manual ao longo de 1.370 km, na cidade e na estrada (incluindo um trajeto de ida e volta entre São Paulo e Rio de Janeiro).


Sabe aquele atleta de final de semana que, num inocente futebol entre amigos, veste uniforme completo, caneleira e chuteira da moda? O Palio Sporting segue a filosofia do "não basta ser atleta, tem de parecer profissional". Isso pode ser visto nos adesivos que aludem à versão e numa inexplicável imitação de saída de ar nas laterais do carro. Mas também há pontos positivos, como as rodas aro 16 polegadas, de desenho agradável e totalmente funcionais, auxiliando na estabilidade do carro.

Outro ponto que chamou a atenção no carro avaliado, ainda mais na cor "amarelo Indianápolis", foi a grande semelhança visual com o Punto T-Jet. Os apliques de plástico escuro nos arcos dos paralamas e em outras partes da carroceria, somados aos faróis ovalados com máscara negra, ajudam nessa sensação.
O Palio testado era completo (o que elevaria seu preço a salgados R$ 45.782). Isso significa que ele estava equipado com ar-condicionado, trio elétrico, airbag duplo e lateral, som com interface USB e entrada para iPod, retrovisor eletrocrômico e sensores de chuva e crepuscular e volante multifuncional revestido de couro. A lista é extensa e torna esse Palio interessante, mas basta atentar para a profusão de plásticos na cabine -- de boa aparência e bem-acabados, sejamos justos -- para notar que estamos num carro de segmento inferior.
E ANDANDO?
Definir o comportamento dinâmico do Palio Sporting é simples: ele anda bem, é gostoso de dirigir e bebe pouco. Como dito anteriormente, a suspensão mais firme dota o carro de um apetite para curvas que não é visto em nenhuma versão da linha. E isso não significa que o carro tenha ojeriza a pisos irregulares: o acerto ficou tão bom que deveria ser copiado para os demais Palio, sem o risco dos compradores reclamarem que o compacto ficou desconfortável.
Um exemplo desse bom acerto ocorreu numa situação comum: o motorista dirige por uma pista expressa e, em um momento de distração, repara que precisa entrar por um acesso que está mais próximo do que parecia.  Essa prova involuntária foi cumprida sem o menor problema pelo Palio Sporting, que ainda encarou o asfalto irregular do acesso sem esboçar sair de frente, o que seria normal -- e perigoso -- nos demais carros da linha. Aqui, vale uma ressalva: equipado com rodas de 16 polegadas e pneus de perfil baixo, o Palio Sporting requer atenção extra ao ser conduzido em estradas sob chuva, devido à tendência, maior do que o normal, de ocorrer aquaplanagens.
O Palio Sporting não esgota suas qualidades nas curvas. O motor 1.6 16V E-torq se mostra bem adequado aos 1.090 kg do carro. A potência máxima varia entre 115 cavalos com gasolina e 117 cv com etanol, alcançada, em ambos os casos, às 5.500 rpm. E, mesmo sendo um motor de quatro válvulas por cilindro, há boa oferta de torque em baixas rotações, considerando que a força máxima, de 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol, é obtida em 4.500 rpm.
Isso gera dois resultados. O primeiro é que o Palio Sporting é um carro esperto, tanto em arrancadas quanto em retomadas, comportamento que também tem o câmbio bem escalonado como um dos responsáveis. O segundo é que, dada a pouca diferença de desempenho do carro quando abastecido com gasolina ou etanol, o combustível derivado de petróleo acaba sendo muito mais vantajoso, devido à economia.

Com etanol, o carro fez 8,2 km/l em 320 km rodados. Já com gasolina esse número saltou para 12,4 km/l em 250 km rodados. Em ambos os casos o trajeto mesclou vias urbanas e rodovias. Em percurso estritamente rodoviário e abastecido com gasolina, o Palio marcou 14 km/l na viagem de 800 km entre São Paulo, Rio e São Paulo.

O Palio Sporting sequer se aproxima de ser um esportivo puro-sangue. Dentre os Fiat, essa é a função dos modelos T-Jet. O que não quer dizer que essa versão não tenha um tempero mais apimentado. Utilizando a metáfora do atleta de final de semana, o Palio Sporting abusa da produção -- e, se não é um artilheiro nato, ao menos produz alguns lances de efeito.

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