Ford mostra como será a nova geração do EcoSport
A Ford fez nesta quarta-feira (4), em Brasília (DF), o que ela chamou de "pré-apresentação mundial" do novo EcoSport, SUV compacto que se transforma no segundo produto global da nova fase da empresa -- o primeiro foi o New Fiesta. O jipinho tem DNA brasileiro em seu desenvolvimento e será fabricado em Camaçari (BA), na unidade local da Ford, assim como em outros mercados emergentes ao redor do planeta.
A apresentação brasileira ocorreu simultaneamente com a da Índia, por ocasião do Salão de Nova Déli, mas nos dois locais o que se viu foi uma versão conceitual do EcoSport, com traços típicos de um protótipo -- grade frontal exagerada, iluminação de faróis e lanternas feitas por LED. A versão final do modelo, que deve ir para as ruas, será conhecida em alguma data ainda não divulgada de 2012.
Lateral com linhas ascendentes e vincos pronunciados, característica do padrão Kinetic da Ford, alinha novo EcoSport a modelos como o New Fiesta e o deixa muito mais moderno que concorrentes imediatos. Estepe continua, no entanto, sendo ostentado na tampa traseira
A plataforma do modelo é a mesma do New Fiesta, que também poderá ser fabricado localmente num futuro próximo, se as condições se mostrarem favoráveis. O governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, estiveram presentes ao evento em Brasília. Na Índia, o presidente mundial da Ford, Alan Mulally, foi o convidado de honra.
Naquele país, aliás, o novo EcoSport será um dos oito lançamentos da Ford para o ano. No Brasil, o novo EcoSport deve chegar até o meio do ano, em meio a uma corrida contra o relógio da Ford -- a urgência deve-se ao fato de que o nicho dos SUV compactos não é mais exclusividade de seu jipinho.
A Renault acertou a mão ao lançar o Duster, que rapidamente ultrapassou o rival da Ford em número de emplacamentos. Um concorrente à parte é o Hyundai Tucson, que virou SUV de entrada da marca sulcoreana. Para piorar o quadro, a Renault (5ª maior) ameaça superar a Ford (4ª maior) no ranking nacional das fabricantes. A Hyundai vem logo atrás, em 6º lugar.
Traseira conta com lanternas que se afunilam em direção ao centro do carro, a exemplo de modelos como Mitsubishi ASX, novo VW Tiguan, Hyundai ix35. Estepe continua "pendurado".
ACARAJÉ GLOBALIZADO
As autoridades presentes ao pré-lançamento mostraram entusiasmo pelo carro. O governador Wagner, que há pouco comemorou a futura instalação da JAC Motors em seu Estado, puxou o acarajé para si: "O Brasil começou na Bahia, a Bahia é a cara deste nosso país mundial", afirmou. "A criatividade do povo brasileiro está nesse modelo feito em Camaçari".
Já Mercadante, a poucos dias de mudar-se para o Ministério da Educação, lembrou que, "num momento de crise nos países mais ricos, este é um carro lançado simultaneamente em dois BRIC, Brasil e Índia". De modo meio desajeitado, garantiu: "O novo EcoSport terá muito axé!"
Mulally, ocupado com o evento da Índia, enviou uma mensagem gravada previamente para elogiar o trabalho da equipe brasileira que desenvolveu o EcoSport. Terminou sua fala com um curioso "The South-American team rocks!", algo como "Vocês, da Ford sul-americana, são do balacobaco". (A empresa raciocina em termos continentais, e não de países.)
O novo EcoSport será fabricado no Brasil, na Índia e também na Tailândia, de onde será enviado aos mercados sul-americano, africano e asiático. No resto do mundo, o futuro EcoSport será equipado com a nova família de motores EcoBoost -- com tecnologia de ponta, injeção direta de gasolina e turbocompressão, o bloco de 1 litro pode entregar potência similar a um motor 1.6 tradicional, mas com consumo 20% menor, segundo promessa da fábrica.
A motorização do modelo a ser vendido no Brasil ainda não foi confirmada pela fabricante. O que se sabe é que a Ford terá uma nova linha de produção de motores no Nordeste, que consumirá R$ 400 milhões -- além dessa nova fábrica, de onde poderiam sair os tais motores EcoBoost segundo algumas previsões, há ainda a unidade de Taubaté, que produz a linha Sigma, utilizada atualmente no Focus 1.6, no New Fiesta e que poderia muito bem equipar o novo EcoSport.
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HISTÓRIA
O Ford EcoSport foi lançado no Brasil em 2003, com a original proposta de ser um "jipinho urbano": capaz de rodar bem na cidade e ao mesmo tempo conferir um caráter de "aventureiro" a seus donos. Também surfou na onda dos carros "altinhos", adorados pelas mulheres. A mania dos "off-road light", do tipo Volkswagen CrossFox, serviu para chancelar o EcoSport (desde sempre com estepe na tampa traseira) como um modelo mais autêntico e permitiu que entregasse mais de 750 mil unidades em quase nove anos de mercado.
COMO ELE FOI, COMO ELE É
No alto, à esquerda, o EcoSport lançado em 2003, apenas com motores a gasolina e até uma (hoje impensável) versão 1.0; a plataforma era a do atual Fiesta Rocam. Posteriormente o modelo ganharia opção de tração 4x4 e motores flex. O carro vermelho mostra a primeira reestilização, que deixou o EcoSport mais agressivo. Abaixo, dois exemplares do carro que ainda pode ser encontrado nas lojas, com a dianteira imitando um Land Rover.
A inspiração era no norte-americano Ford Escape, mas a plataforma era a mesma do atual Fiesta Rocam, e a primeira geração colocionou críticas quanto a acabamento, ruídos e desempenho (chegou a haver uma versão com o malsucedido motor 1.0 sobrealimentado). Em 2004 estreou a versão com tração 4x4.
O primeiro facelift foi em 2007, deixando o modelo mais agressivo visualmente e corrigindo problemas internos -- mas então o jipinho já era um sucesso.
O segundo facelift, de 2009, estampou o nome do modelo acima da grade frontal, como se fosse um mini-Land Rover. Mas desde quando a Ford apresentou o New Fiesta sedã à imprensa brasileira, em meados de 2010, já se sabia que um novo EcoSport, muito mais moderno e baseado na nova plataforma global, aposentaria o atual jipinho.
A primeira pista do design veio com o conceito Vertrek, mostrado no Salão de Detroit 2011 e posto em prática na nova geração do Escape, exibida no Salão de Los Angeles em novembro último. (Com Eugênio Augusto Brito, da Redação)